2 de ago. de 2009
"A imagem da história, régia vitória imperial. A corte deixou seu legado coroado no meu carnaval."
Esta música é do samba-enredo da Império da Tijuca pro carnaval de 2008. Em tese, ela demonstra um pouco da minha revolta com algo que fiquei sabendo nesta semana...
Por conta da violência no Rio de Janeiro, meus tios-avós (que eu chamo só de avós ^^) resolveram mudar de cidade. Mas, como um dos filhos mora em Sampa e tem um doença muito grave (Hepatite C, se não me engano) e a outra mora na atual casa deles e não pode sair pois é veterinária e está galgando uma clientela muito boa pela região, meus avós ficaram muito divididos sobre onde comprar uma casa nova com a grana da venda da atual.
Pensaram em ficar lá pelo fim do Rio, quase sul de Minas. Uma daquelas cidades próximas a Resende. Mas meu avô vive tendo crises de bronquite (causadas pelo maldito cigarro, que ele, felizmente, largou fazem anos), então a cidade não pode ser muito afastada de um grande centro com toda a infraestrutura necessária, já que minha avó não dirige. Ao mesmo tempo, queriam ficar a uma distância igual a Sampa e Rio.
Como a família da nora da minha avó é de Petrópolis, e como as duas sogras se dão muito bem, minha avó então resolveu comprar uma casa nas terras da Família Imperial, assim o filho de São Paulo não precisaria ficar dividido entre a casa da sogra e a casa da mãe. Muito prático, de fato.
Mas aí é que você começa a descobrir como existem taxas ridículas neste país.
O IPTU na Cidade Imperial é baixíssimo, também por este motivo muitas pessoas vão para lá para morar ou ter uma casa de veraneio. No entanto, cidades como Itaipava e Resende, praticamente vizinhas de Petrópolis, têm tido uma procura maior, apesar do IPTU ser mais elevado. Vocês sabem por quê?
É de conhecimento público que os descendentes de D. Pedro ainda existem. Inclusive o príncipe morreu naquele acidente do Air-Bus há alguns meses. Ele estava passando FÉRIAS no Brasil e voltava para a França, onde morava...
É um fato consumado, também, que ninguém nunca ouviu falar do nome de qualquer um dos Bragança e Bourbon pelas redondezas. Pelo menos, não do Estado do Rio de Janeiro.
E por quê? É muito óbvio. A família Imperial (majoritamente, quero dizer) não mora mais no Brasil. Os poucos parentes que moram, não trabalham. Aliás, eles não precisam trabalhar. E de onde vêm as pilhas de dinheiro que eles têm desde épocas longínquas?
Elementar, meus caros... DE PETRÓPOLIS.
Isso não é escondido de ninguém, está inclusive nos contratos de aluguel/compra de imóveis em Petrocity: o IPTU lá é mais barato pois existe um imposto obrigatório pago à Família Real para poder residir naquelas terras, que ainda são propriedade deles mas que, pelo visto, eles mal sabem da existência. Ou melhor, sabem, mas preferem as terras lá de fora...
E aí eu pergunto pra vocês: após exatos 201 anos, 4 meses e 28 dias de intensas revoltas, revoluções, guerras civis, independência e principalmente abdicação do trono - sem contar outros fatos históricos onde Vossa Majestade sequer esteve presente, é realmente justo que nós, Brasileiros, tenhamos que pagar um imposto a uma família que nem ao menos é dona das terras, tendo em vista que todas as terras são propriedades do Estado perante a lei?
E aí que eu fico me perguntando até onde o Brasileiro é um povinho burro... elege pessoas sem competecência (e não satisfeito, repete a dose!), não briga por seus direitos (sequer sabe que eles existem ou têm preguiça de procurar saber) e ainda por cima aceitam pagar coisas que, na realidade, nem deveriam se pagas, nem têm motivo para isso.
Os Bragança e Bourbon estão em algum lugar lá fora pagando impostos estrangeiros e só investem no Brasil quando passam as férias por aqui. Enquanto isso, a massa da população conhece a Torre Eiffel por fotos e vídeos do youtube, já que os impostos nacionais não lhes permite pagar mais de R$6.000 para visitar a França por 12 dias, valor que os Bragaça e Bourbon têm fácil com os impostos de Petrópolis.
E sabe o que é pior? Muito provavelmente você vai estudar que nem um corno, sofrer pra passar num vestibular muito concorrido, suar muito a camisa para ser um profissional competente e não vai conseguir realizar metade dos seus sonhos. Não porque você não possa, mas não lhe permitem. Enquanto outros não fazem nada da vida, talvez estudem apenas para combater o ócio, e têm tudo o que querem das mãos de seus criados, que pagam para cuidarem dos jardins imperiais.
"Brasil... meu Brasil brasileiro,
Meu mulato izoneiro, vou cantar-te nos meus versos.
Brasil, samba que dá,
Bamboleio que faz gingar.
O Brasil do meu amor,
Terra de Nosso Senhor..."
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