A vida em república e o contato com outros republicanos me fez perceber três tipos diferentes de pessoas: os acomodados, os exploradores e os lutadores. E quase toda república tem, pelo menos, um exemplar de cada.
O acomodado é aquele cara que passa a graduação inteira recebendo dinheiro dos pais. Ele pode até pensar em fazer iniciação científica, ser monitor de qualquer coisa, mas é pura modinha. 'Tá quase sempre dando a maior atenção a outras coisas fora da Academia (como musculação, spinning...) e geralmente tem um carro ou moto, cujos gastos e despesas são pagos pelos pais.
O explorador é um meio-termo: ele tem interesses acadêmicos, acha interessante conseguir bolsas de pesquisa e corre atrás disso, mas continua contando com papai e mamãe. Geralmente é o cara que vai juntando a bolsa da pesquisa com o que ganha dos pais, tem gastos com livros, xeroxes, etc, mas, às vezes, também extrapola nas saideiras.
O lutador pode ser de dois tipos: ou a família dele o ajuda de alguma forma, mas ele continua lutando pra se manter sozinho (e, quando consegue isso, dispensa a família) ou desde o início ele precisa se sustentar. Corre atrás de bolsa, auxílio, empentelha o professor, mas acaba sendo um dos mais aplicados do curso porque precisa correr atrás do prejuízo por trabalhar demais.
Seja qual for a opção que o cara "escolha" seguir (escolha entre aspas porque, no caso do lutador, ele nem sempre escolhe isso), tudo tem seu lado bom. O acomodado tem o que quer na hora que escolher; o explorador geralmente ri de seus feitos (nada heroicos) e tira sarro da situação; e o lutador tem a vantagem de ver, em tempo real, a aplicabilidade de seus estudos.
Mas não estou aqui pra igualar nenhum destes grupos (que são moldes de sociedade). A vida não iguala. Ela não vê motivo pra isso. Seu chefe não vai te igualar ao estagiário, a menos que queira tua demissão. Sua mãe não vai te igualar ao teu irmão, exceto para provar que existe preferência.
Eu não acho: eu tenho certeza de que, na vida, a melhor coisa é se foder. Entrar no cheque especial, de preferência do banco com juros mais alto, pagar o mínimo do cartão de crédito, passar o domingo comendo miojo e, no resto da semana, arroz, feijão e ovo. É pegar horas de engarrafamento pra ir e voltar, ter meia hora pro almoço, passar até um pouquinho de fome de vez em quando para se lembrar de economizar. Se foder na vida é faltar ao trabalho pra se matar de estudar (a matéria que não caiu na prova e tomar bomba naquilo que, realmente, não vai fazer a menor diferença na sua vida) e perder prova porque precisava trabalhar e ninguém poderia te substituir - porque insubstituível é quem se faz assim, e demanda esforço, cansaço, exaustão.
Se foder sozinho é a melhor coisa que existe. Se foder com alguém é prazeroso, agrega mais prazer, mas se foder na vida agrega conhecimento e maturidade, indispensáveis pra vida de quem quer ser adulto na vida. Com toda a retórica da redundância.
Com todo o perdão da ambiguidade, um grande foda-se a todos os acomodados e exploradores!
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