"Não sou de São Paulo, não sou japonês.
Não sou carioca, não sou português.
Não sou de Brasília, não sou do Brasil.
Nenhuma pátria me pariu."
(Titãs)
Às vezes penso que é isso o que minha sogra pensa de mim. N'outro dia o namorado comentou um pensamento dela. Disse que, pra ela, eu andava meio perdida nas minhas escolhas profissionais por querer cursar Japonês e viver viajando.
Não posso deixar de dizer que eu fiquei chateada com o comentário, mas como ela não falou isso pra mim (óbvio, pela ótima educação à qual teve acesso), eu não pude nem sequer revidar. Tampouco estou a fim de cutucar este assunto. Apesar disso, também não posso recriminá-la porque ela é de uma época onde ensino superior era desnecessário para conseguir um bom emprego. Receio que os tempos tenham mudado, no entanto...
Desde muito cedo ouço minha mãe falar muito bem sobre o mundo acadêmico - a nível de estudos, não de trabalho - e cresci vendo as várias dezenas de certificados que ela conquistou ao longo dos tempos de estudante e proletária. Ela sabe de tudo um MONTE, enquanto vários colegas que se formaram com ela sabem de tudo um pouco. Conhece várias áreas do conhecimento. Não é uma gênia, mas é inteligentíssima. Uma das poucas professoras da rede estadual do Rio de Janeiro, quiçá do Brasil, que merece um prêmio de honra ao mérito por aturar aquelas pestes que recebem o carinhoso apelido de estudantes sem sequer quererem ir às aulas.
Desde sempre eu venho querendo ter o conhecimento dela. Não precisa ser especificamente o dela, mas um bom conhecimento sobre alguma coisa, algumas coisas. Algum conhecimento bastante! E eu sei que pra isso, só correndo atrás. Como boas formas de conhecimento são realizadas em formas de congresso, eu corro atrás de todos que parecem ser interessantes ou que tenham a ver com a área na qual pretendo me formar. O único problema é que eles nem sempre são realizados no Rio de Janeiro, o que me força a um deslocamento de distritos ou Estados, já que ainda não é possível realizar um congresso à distância - sabe lá Deus por quê motivo.
E minha sogra, (não sei se posso dizer) ignorantemente, parece não entender isso. Eu não viajo por viajar - a viagem é apenas uma conseqüência - com trema. Mas não é só ela que não parece entender. Vejo muitas amigas e amigos secos para irem a congressos super interessantes mas não podem porque seus pais não confiam ou não deixam ou não acham certo... enfim....
Também por isso, sogrinha me acha meio largada. E é neste quesito que ela aparenta dizer que estou perdida na vida profissional. Não me acho largada - eu me sinto uma visionária. Eu busco coisas interessantes, procuro fazer cursos, frequentar locais com pessoas que pensam como eu, procuro profissionais para que me expliquem as melhores opções, vou a congressos com ênfase na minha carreira. Sinto-me visionária, sinto-me hábil para qualquer tipo de situação. Sem falar na bagagem cultural que é transmitida em todas essas viagens por haver encontros com pessoas de culturas extremamente diferentes, ainda que dentro de um mesmo país. É uma atividade sem igual.
Resumindo, o comentário de minha sogra (e, mais abrangentemente, de responsáveis de amigos) não foi infeliz. No fundo, não me sinto triste por mim, mas sim por ela. Sinto pena dela não perceber que eu estou tentando de tudo para que meu futuro seja, no mínimo, confortável. Algo como ela quis um dia e conseguiu também, só que de outra forma e com necessidades profissionais muito inferiores às de hoje em dia.
Assumo que talvez eu viaje demais por conta disso, mas eu fico o tempo mínimo necessário até porque não tenho dinheiro ou tempo suficientes para ficar mais. Para bancar meus congressos e estudos, trabalho. Para trabalhar, não posso faltar muito. Sem contar que meu trabalho TAMBÉM envolve congressos, de uma certa forma. É uma rede, tudo está interligado. Fico chateada quando não notam isso, mas também não há nada que eu possa fazer para mudar o pensamento dos outros. É dos outros, não meu. =)
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