21 de abr. de 2011

"Não importam os motivos da guerra, a paz é ainda mais importante que eles (...)"

"(...) esta frase vive nos cabelos encaracolados das cucas maravilhosas
mas se perdeu no labirinto dos pensamentos poluídos pela falta de amor.
Muita gente não ouviu porque não quis ouvir;
eles estão surdos!"


Quinta-feira, 21 de abril de 2011.
Ouro Preto, Minas Gerais.

Nesta terra fria e de gente com coração trépido, hoje o dia foi importante. Todos os anos, o 21 de abril é lembrado com festa por seu simbolismo e preciosismo histórico. Mas este ano ele teve ainda mais destaque na mídia.

Há poucos dias atrás foram encontradas duas ossadas que, aparentemente, seriam de inconfidentes. Por se tratar de um fato histórico da luta pela democracia brasileira, e por serem membros de um movimento do qual Tiradentes era o grande pop-star, ficou combinado que os senhores seriam homenageados e, posteriormente, velados na cidade de Ouro Preto. Seus corpos foram guardados em caixas e colocadas junto a outras dentro do Museu da Inconfidência, no centro histórico da cidade. Haveria uma grande festa na cidade, típica da data e mais caprichada pela presença ilustre da honrosa senhora Presidente da República, Dilma Roussef, que esteve na pequena cidadezinha para o enterro dos ossos (com todo o perdão da ambiguidade).

Sem querer desrespeitar a senhora presidente, em quem tenho plena confiança dada sua história política - muitas vezes pessoal, muito menos desrespeitar a história de lutas das Gerais, mas às vezes me parece que a história do país tem mais valor do que a época contemporânea.

Vemos movimentos de pessoas que dependem da agricultura, mas sofrem para conseguirem plantar dinheiro; vemos gente a todo momento morrendo ou sofrendo sérios danos à saúde por lutarem pelo que lhes é de direito; gente alérgica que leva spray de pimenta nos olhos; idosos que morrem por desvios de medicamentos na rede pública de saúde; jovens que morrem de gripe porque no SUS estava em falta o coquetel molotov. Há, ainda, quem morra por não ter a quem recorrer porque o hospital estava fechado ou simplesmente inexistente. Índios precisam invadir o Senado com suas armas - nada eficazes contra o poderio bélico do homem branco - para garantirem que serão ouvidos como gente pelos monstros que invadiram suas terras e mataram seu Tupã.

São brasileiras e brasileiros que não têm o mesmo honror de Tiradentes porque já sabem que de nada adianta reclamar. São brasileiros e brasileiras que têm horror por não saber o que lhes pode acontecer caso alguém reclame. O curioso é que a luta histórica era pela independência (que, camuflada, não existe mais) e a luta de hoje é pela sobrevivência - a grande dúvida de quem sabe demais.

E todos vemos nosso país de belezas continentais nascer aidético e morrer tuberculoso e eu não vejo ninguém chorar a nação que lhes deu vida - doente, descrente, mas vida. Não encontro, em parte alguma, indícios honrosos à pátria, mãe gentil de corruptos e corretos, de braços abertos para a Guanabara, pantanal, dunas, minas e rios. Essa pátria que se abre para seus filhos, mas que só tem em retorno desgraça e sangue.

Um viva a Tiradentes, heroi nacional!
Um viva aos inconfidentes pelo amor incondicional!
E um apelo aos homens de boa vontade para que deixem os mortos morrerem enquanto os bem-aventurados bebem a água que, inconscientemente, eles próprios envenenaram.


Link da foto: http://www.actiradentes.com.br/wp/?p=25
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