14 de out. de 2011

"É que eu preciso dizer que te amo, te ganhar ou perder sem engano."

Eu olho pra você e tudo a que consigo olhar é uma pessoa, daquelas com olhos, nariz, coração e boca. E um fígado para os finais de semana. Eu olho pra você e te vejo um vestido lindo, cujos seios acolhem muito bem este bojo decotado e cujas pernas balançam incansavelmente este silk primavera incrível que lhe adorna o corpo. Eu olho pra você e é como se o verão inteiro me atacasse de uma só vez.

Então eu te vejo. Te vejo esses olhos da cor da noite, esse corpo banhado à lua, essa pele trabalhada no carinho. Seu cabelo ao vento ondula o ar como o mar de ressaca se banha na areia. Seu andar a 12cm do chão te faz tão leve que flutua sobre todas as musas do Hélicon numa beleza de gestos irremediavelmente fantástica. O Éden é sua passarela, mas pra você não passa de um caminho.

Incontrolavemente te observo. O jeito que fala parece uma epopeia amorosa, uma lírica declarada, uma poesia guardada num pote de ouro. Seu sorriso trouxe o fim a Troia; seu choro ergueu os jardins da Babilônia. Deus é seu amante secreto e consertaria pessoalmente a Babel se você nisso apenas pensasse. E que jeito mais alegre... dança como se ninguém a estivesse notando. Nem Fred Astaire se atreveria a tanto. O Theatro Municipal mais lhe parece uma boite; a leveza com que dança faz de sua sandália de verniz uma sapatilha de cristal - e, princesa que é, não cai do salto nem o deixa escapar. Ninguém de seu reino de rosas seria capaz de levá-lo de volta à Vossa Alteza.

Assumo, te enxergo, e não vejo nada além de um anjo de abraço largo e coração valente, que luta por justiça e comemora cada vitória. Nada me tira da cabeça que pode ter sido diplomata em Alexandria ou advogada na Grécia. É forte, determinada - quem sabe mãe de I-Juca Pirana ou então Joana? A julgar pelo cuidado com que laça esses lindos cachinhos, poderia apelidá-la Chiquinha Gonzaga, mas o amor que emana desses olhos profundos não deixa dúvidas: é você, nem Marquesa de Santos conseguiria tal proeza. Eu te enxergo, mas são tantas particularidades, tantas semelhanças, que me perco em você sem querer me achar. É concubina, clero, rainha, plebeia, duquesa, pirata e bailarina; é Carolina, Cleópatra, Dulcineia, Khadija, Helena e Phryne; é mãe, mulher, amante, doce e brincalhona... é linda. E é una.


Olho, vejo, observo, enxergo e me afasto. Seu vestido é mais bonito quando cai o pôr-do-sol. Seria um sacrilégio não emoldurá-la em minha mente todos os dias, neste mesmo lugar, com céus de cores tão diversificadas, e tê-la pela beleza do ver e sutileza do admirar. Você é tão linda, tenho medo de falar que... mas não posso te prender. Um dia esse mesmo amor laranja e vermelho (que oscila do púrpura ao fúcsia) vai emoldurá-la por si só e te fazer brilhar, linda Vênus, trilhando o meu caminho rumo ao seu no natural caminhar das horas.


Mas não me espere - demoro. Abro mão do meu desejo para tê-la em arte.


http://fc05.deviantart.net/fs29/i/2008/064/7/8/Be_My_Wonderful__by_SM_Photography.jpg

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