Porque sempre chove, de uma forma ou outra, em qualquer lugar e a qualquer hora.
Acontece que chuvas deixam marcas, lembranças, resquícios, sinais... elas não simplesmente vão embora, sempre restam, sempre lembram as pessoas de que estão ali. E, se evaporam, viram nuvem pra chover de novo; é um ciclo vicioso, viciante. Incontrolável.
Não posso controlar a chuva, só posso especular quando ela cairá pra tentar fugir das gotas. Mas elas me afetam de qualquer forma, é inútil tentar escapar da água quando ela quer te atingir.
Mas às vezes a chuva simplesmente chove sem anúncio prévio, sem me dar tempo suficiente para pensar nas minhas atitudes, o que fazer, como me proteger. E me molho, me encharco, chove um rio dentro de mim e seu curso é incerto, é imprevisível, só consigo sentir o fluxo abrindo passagem por veias e vasos, encharcando e esvaziando meu coração, tentando, ao máximo, me controlar em cada movimento.
Como uma ação involuntária, o coração esquenta, a chuva evapora, sobe à cabeça, enevoa meu cérebro, deixa minha razão turva. Coração quente, mente fria; dicotomia humana. Pensar ficar difícil, é preciso liberar a chuva, que, rebelde, se externaliza como a mais bruta das cachoeiras.
E seu curso continua incerto: onde ela cairá? Sobre quem? Qual próxima mente ficará enevoada? Aonde a bruma irá? Quando voltará? Voltará? Por quê? Por quem?
Chuvas só me trazem perguntas; chuvas só me trazem tornados.
Não gosto de chuvas, não gosto de fazer cair a Babel que eu levo por dentro.
"Me dá a mão, me leva embora,
Passou da hora, já bebi demais (...)
Deixar de te amar não é pra mim,
Não se deixa de amar assim (...)
Não se desama dando um mero tchau."
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Antes de sair, gostaria de deixar um recado?
Obrigada pela atenção e volte sempre!