13 de abr. de 2013

"Cabeça, cabeça, cabeça dinossauro!"

Conheço poucas pessoas que, como eu, tomam "Jurassic Park" como ponto de partida para tudo na vida. Conheço pouca gente cujo sonho maior na vida seria ter uma criação de Triceratops, Velociraptors, Brachiosaurus, Pteranodons, Plesiosaurus... Conheço pouca gente que vê âmbar como ouro. Uma das pessoas que eu tenho orgulho de ter conhecido na vida é William Nava, e ele pensa exatamente assim.

William seria apenas mais um morador da pacata Marília, cidade do interior de São Paulo próxima a Bauru, historiador e, assim como eu, completamente fascinado pela ilha Nublar desde 1993. Seria, não fosse uma descoberta que mudaria sua vida por completo há 20 anos: a descoberta de um fóssil de dinossauro a cerca de 10km do centro da cidade, que veio a revelar uma rica região fossilífera do Cretáceo.      

A descoberta de um titanossauro saurípede foi o início de uma série de outras descobertas importantes para a paleontologia brasileira, de crocodilomorfos a plantas, que desde então vêm sendo alvo de diversas pesquisas, não apenas com relação aos seres vivos pré-históricos, mas também com pesquisas importantes sobre os estratos da terra, que tipo de atividades terrestres alteraram a qualidade do solo daquela região, entre diversos outros fatores. A descoberta de um fóssil na região de Marília não é importante apenas para a cidade, que, desde então, ganhou mais visibilidade e o interesse latente de cientistas de diversos cantos do mundo, mas é também importante para toda a comunidade nacional, em especial para todos os paleontólogos e geólogos, que puderam, a partir das pesquisas desenvolvidas, compreender melhor a natureza ao longo dos tempos.

William Nava é o mentor de um projeto, o Museu de Paleontologia de Marília, que leva a toda a população da cidade mais informações sobre o que são fósseis, como são formados, como eram as plantas pré-históricas, como é um fóssil de dinossauro (que muitos têm curiosidade em saber, especialmente a criançada), quais outros animais pré-históricos existiram na região (como o Mariliasuchus amarali, um crocodiliano descoberto por William em 1995). E o melhor de seu trabalho: mostra que, mesmo apesar do governo não dar a devida atenção e mérito às pesquisas paleontológicas, elas têm seu valor, há ainda muito a ser pesquisado e permite que cidadãos e turistas participem de pequenas excursões para sítios paleontológicos a fim de ver de perto como é o processo de busca e/ou retirada de um fóssil, além de explicar de forma muito simples e clara como são feitas as pesquisas posteriores para identificar a qual espécie da época o fóssil pode pertencer, qual é a época aproximada da existência daquele exemplar, entre outras atividades, tanto para crianças quanto para adultos.

Há 20 anos William vem fazendo a diferença na vida de muitas pessoas com suas descobertas e motivações, em meio a tantos prós e contras, e vem mostrando que a ciência, seja ela qual for, é divertida, é interativa e muito interessante. Há 20 anos o titanossauro de Marília vem mudando o ritmo de vida da cidade, prova disso foram as gravações para a novela "Cobras e Lagartos", exibida em 2006 pela Rede Globo, cuja inspiração surgiu da escavação do dino titã. Há 20 anos William vem cultivando em todos nós, que crescemos com ele (e eu me incluo nisso, pois tinha cerca de 11 anos quando o conheci, em sites especializados em paleontologia), o real desejo de que tudo aquilo que Spielberg trouxe em Jurassic Park seja verdade. E de alguma forma Marília tem o seu Jurassic Park: modesto, simples, mas tão rico quanto, com uma galera nota dez que se empenha para que as próximas escavações tragam ainda mais novidades. Quem sabe até uma outra novela? Quem sabe até outro dino titã? Uma pteridófita diferente das demais? Quem sabe não descobrimos que Marília tem um dos maiores sítios paleontológicos do país? Meus olhos brilham só de pensar!

A todos que fizeram parte desta equipe, seja em campo, em dias de sol a pique, seja torcendo para que tudo desse certo, ansiosos por notícias ou dentro de um laboratório com movimentos precisos e minuciosos, todos vocês fazem parte desses 20 anos. Obrigada por existirem e trabalharem tanto, mandando vibrações ou pondo a mão na massa, para que tudo sempre desse tão certo até agora. Obrigada por levarem cultura a tantas pessoas e por fazer a chama do sonho manter-se acesa no coração de tantos meninos e meninas, que, como eu, podem estar agora, neste instante, navegando em sites como Science, National Geographic, vendo documentários como os da BBC, em busca de mais conhecimento, com sede de história viva, desejando, por Deus, que tudo aquilo seja verdade. E é, sem dúvidas, e Marília é uma das tantas provas disto.

Que venham mais incontáveis anos de descobertas, felicidades e muita, muita diversão! PARABÉNS, Marília!

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