10 de ago. de 2013

"Rolling in the deep"

Era uma criança ainda, não sabia lidar com os sentimentos. Ela olhava no espelho se sentindo feia e gorda, com o cabelo desgrenhado por mais que escovasse, sem jeito e estranha. Mas na cabeça dela estava tudo tão óbvio; claro que todos sabiam dos seus medos! Claro que todos podiam ver naqueles olhos amedrontados o medo que ela tinha em dizer que o amava. É claro; no espelho estava tudo muito claro para ela. Até a mão trêmula, com receio, o espelho lhe mostrava. Na sua mente, o espelho era sua cópia e só a fazia ver o que ela própria escondia do mundo.

Ela não sabia como dizer que o amava. Ela não sabia se as estrelas já tinham falado algo pra ele, ou se a lua tinha dado uma indireta, indicando a direção dos lábios cerrados dela, que pareciam concreto cada vez que ele aparecia. De princípio ela não sabia o que fazer; era o medo, travava e não deixava ela pensar em mais nada. Não que ela não quisesse um beijo - pelo contrário, era do que mais precisava! Mas o medo... ah, o medo. Era arriscar um sorriso, o qual ela não conseguia conter, que era a parte mais aterrorizante do dia. Mas isso era mais forte do que seus lábios de concreto, ela tentava a todo custo conter, mas... não dava... mas e se ele souber do tanto de amor que ela tem dentro do peito por causa de um dente? Um dente que faz com que um muro inteiro caia! Um dente que não se contenta em ficar na boca fechada, é maior que o medo e se espalha nos olhos das pessoas; um dente que brilha o amor que ela tenta conter a todo custo. Por medo. Será que ele conseguiria ver tudo por causa de um dente?... Será que o vento já teria levado o olhar dele pras mãos trêmulas dela a cada vez que ele a abraça? Será que ele já percebeu que o maior medo dela é que ele perceba isso e se afaste?

Afinal, qual é seu medo, menina? E por que se afasta tanto daquilo que ama à medida que tenta ficar cada vez mais perto? Por que não permite que o sol que o reflete em seu olhar indique o caminho da felicidade no coração dele? Por que não permite que o frio congele os medos e angústias que você tem para que o calor de um amor singelo possa abençoar a vida de quem, mesmo com tantos medos e angústias, ainda tem fôlego para dar-lhe bom dia, falar da vida, olhar nos olhos, abraçar e (mentalmente) dizer que ama? Por que não permite que a noite fria seja um convite ao amor? Por que você tem tanto medo de assumir a sua saudade, aquela cretina, que dói e te disseca o peito a cada despedida?

Você está se olhando no espelho agora, vendo apenas aquilo que acha que é óbvio. Mas no fundo controla sua mão trêmula e consegue abraçá-lo sem que ele perceba seu nervosismo; você abafa a parte mais linda do seu sorriso e não permite o brilho completo do seu sentimento; você cerra a boca na tentativa de conter essas dores que te machucam por dentro; e você chora. Você chora porque não sabe lidar com os sentimentos. Chora porque ama demais e tem medo do resultado disso. Chora porque não grita pro mundo o amor que te consome e a dor que te adoece quando não estão juntos. Você chora porque não coloca ele do seu lado para se olharem, juntos, no espelho.

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