Em tempos de Natal, Copa do Mundo e Carnaval, não necessariamente nesta ordem, não é de estranhar que o Brasil não funcione. Do Oiapoque ao Chuí (embora a expressão correta devesse começar pelo monte Caburaí, em Roraima), não há pessoa, especialmente funcionário público, que busque te atender de forma agradável no intervalo de vida que acontece entre os eventos acima descritos. Mas uma coisa tem o poder de mudar essa realidade: ano eleitoral.
Em ano de eleição, tudo sai como planejado: as ruas são pavimentadas, os problemas de fornecimento d'água são resolvidos, há pouca falta de luz, gente que você nunca viu na vida aparece até do esgoto pra te abraçar com um sorriso no rosto sob o calor escaldante da Central do Brasil, tudo para que você se sinta mais orgulhoso do local em que vive. Ou para que se sinta enojado.
Fonte: Folhapress
Não é novidade que o norte e o nordeste do Brasil vivam ainda sob o regime de coronelismo, isto apenas não é divulgado. Desde 1966 a família Sarney vem tornando o Estado do Maranhão um quase feudo sob as propagandas eleitorais de combate ao analfabetismo, à miséria e às doenças que assolavam (e assolam) a região. Hoje, meio século depois, apenas 35% dos jovens concluem o Ensino Médio maranhense e, dentro da faixa etária própria às séries do Ensino Médio brasileiro, há um índice de 21,6% de analfabetos no referido Estado, segundo dados do programa Todos Pela Educação do governo federal. Além disso, durante o governo de Roseana Sarney, cujo terceiro mandato iniciou em 2009, os números do analfabetismo têm crescido. Ou seja, as promessas feitas pelo precursor do monopólio familiar em 1966 não parecem estar sendo desenvolvidas a rigor.
Mas a verdade é que ninguém, de Porto Alegre a Brasília, se preocuparia com isso, não fosse a divulgação de uma barbárie em cadeia nacional - literalmente. O Brasil não foi o primeiro país a ser alertado pela ONU quanto à violência presente em seus presídios e quanto ao descaso público com relação à manutenção deles, mas é o país que tem chamado a atenção do mundo para a nossa rede carcerária, com precariedade de alimentos, condições sub-humanas de sobrevivência e violência exacerbada, com direito a vídeos de detentos sendo degolados em repúdio a tudo a que são submetidos. E por que todos os olhares estão se voltando ao Maranhão agora? Só pelo absurdo que é o governo Sarney? Não, disso todos já sabem, mas o único motivo dessa balbúrdia toda é a Copa, claro. Não ficamos sabendo de nada parecido quando a Copa foi na África do Sul, apesar de todos os problemas internos que o país tem, então também não podemos fazer feio e precisamos maquiar tudo o que não fica bonito pra inglês ver.
Acontece que a maquiagem que a governadora Roseana Sarney e tantos outros governantes querem passar sobre o Brasil é banhada a ouro e a licitações cada vez mais cavernosas. Com uma renda domiciliar per capita média de R$319, isto é, R$7 a mais do que a metade do salário mínimo vigente até dezembro/2013, o maranhense paga impostos altíssimos para que a governadora possa desfrutar de um delicioso banquete de lagostas frescas, patas de caranguejo e guaraná Jesus, tradicional na região, tudo isso comprado por meio de licitações, como manda o figurino das compras com dinheiro público, e sem um pingo de respeito pelo contribuinte (que, diga-se de passagem, é forçado a contribuir).
Fonte: blog realidadenatela.blogspot.com
Antes de maquiar seu palanque para comícios, a governadora do Maranhão deveria começar fazendo uma limpeza completa na região, especialmente na sua cara, onde a falta de vergonha e a falta de cabelo deixam-na muito aquém dos requisitos mínimos para um governante que se propõe a fazer o bem pelos "pobres" (como reza a tradição de 66, numa métrica desconexa e segundo uma religião que eles não seguem). Pensando por outro lado, nós também temos a nossa Rota 66, mas ela é bem menos promissora do que a dos nossos amigos yankees e está longe de se tornar importante para o país, havendo Copa ou não, havendo barbárie ou não, havendo eleição ou não.
Existem coisas no Brasil que me dão raiva, outras me dão vontade de vomitar. A politicagem me causa diarreia.
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