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14 de abr. de 2014

"Um remédio pra amargura"

Sorria pra mim numa noite de lua cheia
e eu busco as estrelas pra iluminar o que ainda resta de respeito em nós.
Entrega-me a rosa mais bela da Holanda
e eu te tenho em Veneza como se a ali pertencêssemos. 
Venha comigo vestindo o mais nude dos brancos
e eu te cubro de amor numa serenata sem fim.
Ama-me nos Campos Elísios 
e do Sena ao Douro ecoarão os querubins.

Mas não grite seu nome, que já não o suporto ouvir,
e essa metáfora de um tiro que não me sai das mãos
mais tende a alegrar do que a ferir 
aquilo que manter-nos-ia sãos.

E se aos poucos a vida lhe for tirada, 
que não seja de amor a intenção,
saberás que foi por inveja demasiada 
daquela que se apossou do que eu não.





Desafio Saligip foi desenvolvido por mim e pela Aline Mangaraviti e consiste de um post semanal contendo um texto nosso e uma imagem nossa (desenho ou edição) com o tema selecionado. O tema da semana (nem lembro qual XD) foi Inveja e estou postando com algum atraso. O próximo será avareza.

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24 de mar. de 2014

"O veneno que eu tomo querendo que o outro morra"

Desgosto.
Dor.
Amargura.

Um nó na garganta que me cala 
enquanto expurga o vômito ácido que me arranha a alma.
E é por causa desse corte que levo nas costas,
dessas unhas que arranham minha pele até sangrar,
é por causa dos meus dentes que se frisam pra impedir minhas palavras,
que eu não jogo tudo em cima de você da forma como merece.

É por desgosto, dor e amargura que você me toma por inteiro
e me dilacera sem dó o rosto e o deixa em carne viva;
e me faz gritar por socorro àquele que ainda me jogará ácido à risas.
É por desgosto, dor e amargura que você me causa bruxismo 
até que a língua sangre o que eu lhe quero dizer;
e me cega de tanto ódio que escorre pelos olhos;
e me faz condensar toda a raiva de uma vida inteira nas unhas
e urrá-la como se se tentasse espantar o demônio do corpo do próprio Satã.

É por pura desgraça que eu alivio esse ódio que me ebule por dentro
numa foto antiga que eu me juro não querer mais
e dela faço pintura, que imagino vender a outrem,
a quem lhe interesse surrealismo.
Mas é com tanto ódio que expurgo o que quero,
é com tanto rancor que eu olho pra tela,
que o pincel sem dó arranca da tinta a vivacidade que nela há
e em vez de flores, pinta sonhos
de horror, morte e maldizer,
e em vez de amores, pinta vidas
de câncer e rancores póstumos.
E é com tanta raiva que me desfaço de você
que meu pincel vira faca e seu corpo vira a tela
e não há nenhuma cor senão vermelha do meu corpo estraçalhado em frente ao seu.

E o que me resta é ódio, comum e solitário,
em mais uma tela na minha coleção.

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Desafio Saligip foi desenvolvido por mim e pela Aline Mangaraviti e consiste de um post semanal contendo um texto nosso e uma imagem nossa (desenho ou edição) com o tema selecionado. O tema da semana passada foi Ira e estou postando com algum atraso. O próximo será inveja.

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