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8 de jun. de 2015

"O amor é importante, vem dizer tudo de novo" (Roberto Carlos)

Uma mulher transsexual "pregada" na cruz, o comercial da Boticário, Fernanda Montenegro e Nathália Timberg... é. São tempos difíceis para ser qualquer coisa no Brasil. São tempos difíceis para ser, ponto. 

Temos tido liberdade de expressar o que quisermos, contanto que não ofendamos ninguém. Só não entendo isto: de que forma estamos ofendendo se pedimos paz e respeito?  O Brasil é o país com maior número de assassinatos a homossexuais. A cada 28h um gay/lésbica/trans/etc é morto, às vezes "com requinte de crueldade", segundo o Estado de Minas. "Requinte de crueldade" é algo muito sério, não é apenas puxar o gatilho ou cortar a garganta com uma faca. Esforçar-se para ser cruel é sentir prazer em matar. Sentir prazer em matar gays e fazer do Brasil o primeiro colocado neste ranking é, no mínimo, absurdo. E é exatamente isso que a trans da Parada Gay quis mostrar.

Fala-se muito de uma ditadura gay. Não consigo imaginar um crossdresser matando uma hétero porque ela não faz sexo oral em mulher. Não encontrei ainda uma travesti, no alto do seu scarpin vermelho de verniz, mandando um hétero dar a bunda pra não ser preso, torturado ou morto. Não consigo mesmo imaginar de que forma um homem ou uma mulher transsexual vai conseguir impedir a relação sexual com fins reprodutivos a ponto de exterminar a espécie humana. Mas eu vejo gente mais preocupada com um comercial de perfume do que com a fome nas ruas. Vejo gente boicotando uma novela, mas não vejo as mesmas pessoas se preocupando com roupas e objetos comprados com suor do trabalho escravo (de crianças e adultos, no Brasil e no mundo). Eu vejo uma resposta violenta para coibir qualquer exposição do tema da homossexualidade. E quando procuro sobre ditadura na internet, vejo coisas horríveis como a Itália de Mussolini, a Alemanha nazista, o resultado do Relatório da Verdade sobre crimes contra os direitos humanos na ditadura militar brasileira... e não vejo de que forma nós estamos deliberadamente causando caos, tortura e mortes à família tradicional brasileira.

Estava conversando com uns amigos (gays) sobre o problema de marcá-los em uma rede social citando o Boticário. Alegaram perda de influência política na cidade, perda de clientes. Ainda existe um preconceito viral contra alguém que não gosta do que a maioria das pessoas gosta (Jesus também foi assassinado pela minoria, devemos lembrar). Ainda tem gente que fica sem emprego ou é excluída de uma parcela da sociedade porque é gay. Estamos no século XXI, enviamos o homem à lua, descobrimos água em Marte, falamos com uma pessoa no outro lado do mundo em tempo real, mas ainda carregamos uma mentalidade medieval.

Eu tenho muito medo de tudo isso. Medo porque a ditadura que tanto dizem que ditamos não é nossa. Pedimos apenas paz, liberdade para ser, para falar, para andar de mãos dadas na rua. Imploramos que vocês parem de querer que sejamos como vocês. Por que temos que ser iguais?  Por que temos que ter o mesmo deus, a mesma crença? Por que não podemos ser felizes da forma que somos felizes? Nos forçar a isso tudo é ditadura, da mesma forma como impedir que um comercial que só mostra gente se abraçando seja divulgado é indício de homofobia. Viviany Beleboni, a trans da parada gay de SP, está recebendo ameaças de morte! Isso não é homofobia? Pedimos apenas que nosso direito constitucional de viver e nossas crenças sejam respeitados assim como respeitamos a quem nos tem ofendido. Ser gay não é errado. Somos seres humanos. É desumano tratar-nos como menos do que isso - e, até onde me lembre, Jesus pregava o amor a todos.


No mais, eu fico triste. Não só por nós gay, não só por nós sapatão... Eu fico triste com a sociedade brasileira, que dá muito mais importância ao que cada um faz com o próprio cu do que com corrupção, fome e miséria.



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23 de ago. de 2009

"And I don't know what to say to you, but I'll smile anyhow"

Pra quem não sabe, sou tradutora freelancer né, e peguei um trabalho muito interessante pra fazer de uma escritora e teatróloga chamada Tatiana Ades. Estou traduzindo seu livro HADES, que será publicado no Brasil ainda este ano.

Mas aí, estava trabalhando no livro quando me deparei com um poema simplesmente maravilhoso de Rainer Maria Rilker. Me identifiquei demais com o poema e queria apenas compartilhá-lo com vocês :)


"Tira-me a luz dos olhos; continuarei a ver-te
Tapa-me os ouvidos; continuarei a ouvir-te
E embora sem pés, caminharei para ti
E já sem boca poderei ainda convocar-te.

Arranca-me os braços e tocar-te-ei com o meu coração como uma mão...
Despedaça-me o coração e o meu cérebro baterá
E, mesmo que faças do meu coração uma fogueira,
Continuarei a trazer-te no meu sangue."


E desde então ando ouvindo Dido compulsivamente. Aliás, estou numa fase muito relax da minha vida. Ando com excessos de Tim Maia, Caetano e Chico Buarque no mp3, mas agora com Dido estou me sentindo ainda mais relaxada. E desde que li este poema (que eu, particularmente, achei foda paracaraleo xD), não paro de ouvir Hunter.

Não sei bem porquê, já que a música fala sobre largar relacionamentos quaisquer, obter certa independência perante o amor... enfim, desvencilhar-se de uma imagem de aprisionamento amoroso.

Mas é uma música que eu sempre achei linda em demasia, mais bonita até que White Flag. Só não bate a tradicional Thank You - mas esta tem motivos pessoais demais para que eu exponha aqui no blog. Só é, eterna e indubitavelmente, a minha música favorita.

Deixo vocês com o clipe de Hunter clicando aqui e com um estalo muito forte na bochecha até o dia dia 28, pois estarei em São Paulo e não devo ter acesso à internet lá =*
Volto com fotinhas, espero, e com boas novidades =D
Até lá! ;D

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